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Março 10, 2022

Conflito entre a Rússia e a Ucrânia: como poderá afetar o crédito habitação?

A guerra na Ucrânia está a fazer disparar a inflação e poderá pressionar a subida de juros.

Como vai afetar a prestação da casa?
A guerra na Ucrânia está a trazer consequências, a vários níveis, para as economias europeias e do mundo. E uma das já visíveis passa pela aceleração da inflação, que, aliás, tem estado em alta nos últimos meses, tendo mesmo atingido recordes na zona euro, em janeiro. A incerteza volta a pairar sobre os mercados e sobre as famílias, sobretudo aquelas que têm empréstimos da casa e as que pretendem contratar em breve um crédito habitação para comprar casa.

Quais são os cenários possíveis em cima da mesa? Poderá a taxa de juro subir para travar a inflação?

São muitas as famílias que se questionam se a guerra na Ucrânia terá impacto no custo do financiamento bancário e se poderá haver um aumento nas taxas de juro – e consequentemente na prestação da casa. E a resposta é que a se a inflação continuar a subir de forma descontrolada, o Banco Central Europeu (BCE) pode ver-se forçado a aumentar as taxas de juro na zona euro – como vinha mesmo a admitir já antes do cenário de guerra atual – o que irá impactar os créditos habitação de taxa variável novos e existentes e, portanto, fazer subir as prestações da casa a pagar.

Qual a evolução das taxas da Euribor dos créditos habitação?

A maioria dos novos créditos habitação em Portugal estão indexados à Euribor a 12 meses que voltou a cair depois de encerrar fevereiro de 2022 com o seu valor mais alto dos últimos 20 meses. De momento, esta taxa está nos -0,377%, enquanto no final de fevereiro se fixou nos -0,349%. Já a Euribor a 6 meses está hoje nos -0,485%, enquanto no final de fevereiro se situou nos -0,493%. As referências para taxas fixas estão a cair para 0,7% no caso do prazo de 10 anos, 0,87% para o prazo de 15 anos, 0,85% para o prazo de 20 anos e 0,7% para o prazo de 30 anos.

Quais são as atuais taxas de juro dos empréstimos da casa?

Dada a incerteza instalada no panorama atual – primeiro pela pandemia e agora com a guerra na Ucrânia -, uma das questões que surge passa pela escolha da taxa de juro. Há quem pondere mudar de taxa variável para taxa fixa para ganhar estabilidade, embora a primeira ainda compense. Mas a verdade é que, segundo especialistas, este tema deve ser analisado, sendo que não há uma resposta única para esta questão, já que é uma decisão que terá ser tomada tendo em conta várias variáveis e o caso concreto de cada família.

No mercado português, é possível encontrar créditos habitação de taxa variável com spreads a 1% – que, note-se, deverá ser somado ao indexante (Euribor) sendo que o resultado final é a Taxa de Juro do Empréstimo, designada por Taxa Anual Nominal (TAN). Já no que diz respeito a taxas fixas a 30 anos, podemos encontrar ofertas entre 1,1% e 1,70%.

Poderá haver subida das taxas de juros pelo BCE (Banco Central Europeu)?

O futuro das taxas de juro dos créditos habitação está nas mãos do BCE, que antes de eclodir a guerra na Ucrânia admitiu estar disposto a aumentar a taxa de juro diretora para travar a subida da inflação. Segundo os dados do Eurostat recentemente divulgados, em janeiro a inflação na zona euro bateu um novo recorde atingido os 5,1%. Neste cenário, Portugal está na cauda da Europa, registando a segunda taxa mais baixa (3,4%) entre os Estados-membros da União Europeia (UE).

A escalada de inflação está a pressionar o BCE a tomar novas medidas macroprudenciais, mas nenhuma decisão foi ainda tomada, até porque o novo conflito armado veio colocar novas variáveis na equação. O desafio está agora em aplicar medidas para manter os preços sob controlo sem prejudicar o crescimento económico. Mas do outro lado do mundo já há decisões tomadas. A Reserva Federal dos EUA planeia aplicar um aumento de taxa de juro em março, apesar do impacto económico que a guerra na Ucrânia poderá trazer.

“O impacto real do conflito no mercado de crédito habitação vai depender de como o BCE afetará as taxas de juro em resposta ao fenómeno da inflação. Uma subida das taxas de juro no médio prazo é algo cada vez mais provável, resta saber quão será essa subida e consequentemente o seu impacto no mercado de crédito”, dizem os especialistas.

“A Euribor continua negativa, mas olhando para frente, a tendência da inflação será decisiva. Se o nível atual se tornar estrutural, será inevitável haver uma intervenção do BCE nas taxas de juro e o que terá impacto direto nos créditos com taxa variável, tanto para quem já tem um empréstimo, como para quem o irá contratar no futuro “, destacam desde o portal italiano Facile.it.

Direito autorais: Idealista.

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