Num tempo em que os pequenos detalhes fazem cada vez mais a diferença, as decisões importantes na nossa vida devem ser muito bem pensadas e analisadas. No caso do Crédito à Habitação, que é muitas vezes um projeto de vida, as taxas de juro em alta exigem um estudo detalho das diversas variáveis que estão em jogo e lhe podem garantir poupanças de centenas de euros mensais.
À cabeça surge sempre a pergunta decisiva: devemos optar por uma Taxa de Juro Fixa, ou Variável? Ambas têm os seus prós e contras: o crédito à Taxa Fixa, como o nome assim o indica, assegura uma constância mensal, sem sobressaltos, mas poderá ficar mais cara até ao final do empréstimo; já a Taxa Variável é tradicionalmente mais barata no longo prazo, mas está fortemente exposta ao sobe e desce da Euribor, o que implica maiores variações no valor da prestação.
No contexto atual, com a subida da inflação e das taxas de juro – estas, chegaram a atingir os 4% no final de 2023 –, muitos clientes tentaram fintar o aumento nas suas prestações mensais, optando pela Taxa Fixa ao contratar um Crédito à Habitação. Mas começam a surgir os primeiros sinais de descida na Euribor que, mesmo no caso de variações ligeiras e demoradas, podem fazer a diferença a longo prazo.
A Atual Resolve estudou em detalhe ambas as opções, a apresenta-lhe uma análise comparativa, para que possa decidir qual delas melhor se adequa ao seu caso:
Fixa vs. Variável
Começando pela Taxa Fixa, a boa notícia é que nesta modalidade o cliente sempre sabe qual o valor da prestação que irá pagar. Mesmo com as subidas da Euribor a sua taxa vai manter-se, sem sofrer os efeitos das oscilações na taxa de referência. Claro que, no reverso da medalha, também não vai beneficiar das descidas da Euribor.
O lado menos positivo é que a oferta, em Portugal, não é tão ampla como noutros países europeus. Os bancos não disponibilizam uma grande variedade de produtos com esta taxa e isso reflete-se nos números: a Taxa Fixa representava, no final de 2023, somente 4 por cento do total (dados do Banco de Portugal). No ano passado, foi criada legislação que obriga as instituições bancárias a terem uma oferta de créditos à Taxa Fixa, mas não foram indicados valores de referência o que proporciona uma grande margem de manobra aos bancos.
Quanto aos produtos de crédito a Taxa Variável, como já sabe estão vulneráveis às variações na taxa Euribor, mas o mercado tem criado formas de suavizar os efeitos dessa subida. Principalmente, através da descida dos spreads que a maior parte dos bancos tem feito cair para valores abaixo de 1 por cento.
Além disso, a Taxa Variável passou a incluir um maior número de propostas ao nível dos prazos. Durante muito tempo, a maior parte era baseada na Euribor a 12 meses, mas nos últimos tempos têm crescido as ofertas bancárias assentes no indexante a 3 ou a 6 meses. Isto permite que a taxa do empréstimo e, por arrasto, as prestações, sejam revistas com maior regularidade.
Taxa Mista, o melhor dos dois mundos
Claro que o mercado é dinâmico e os operadores estão sempre à procura de soluções que permitam aos clientes contraírem empréstimos com alguma folga financeira, no que diz respeito às prestações. Nesse domínio, entra em cena a chamada Taxa Mista, uma modalidade que combina no mesmo contrato de crédito uma Taxa Fixa e uma Taxa Variável.
A articulação entre elas é simples: num primeiro momento fica a vigorar a Fixa; numa segunda fase – e até final da duração do contrato – as prestações mensais ficam dependentes das variações da taxa Euribor. O resultado é uma oferta de crédito com valores bastante competitivos e benéficos para o cliente. No espaço de um ano – entre dezembro de 2022 e o final de 2023 – a percentagem de novos empréstimos para aquisição de habitação própria e permanente com Taxa Mista passou dos 16 por cento para os 71 por cento. Se o leitor vai comprar casa recorrendo ao Crédito à Habitação, esta pode muito bem ser uma solução a ter em conta. A taxa de juro permanecerá Fixa durante um período até três anos, o que deixará a sua família a salvo de aumentos que possam ainda ocorrer nestes tempos incertos. No final desse período inicial, podemos já ter passado a fase mais difícil e estarmos já num momento de alívio nas taxas de juro Variáveis.